terça-feira, 19 de abril de 2011

Trânsito

Hoje vejo pela janela
E sinto saudade
Do que vi e do que nunca vivi

Hoje olho pela janela
E sinto saudade
Do que vi e ainda está por vir

Passo meu tempo
Passa mais tempo
E não há passatempo no impasse

Tempo trancado
Porta trancada
E a falta de ideia que importasse

Hoje olho a janela
E sinto por ela
O tamanho do meu espaço

Hoje vejo a janela
E penso por ela
Como um desejo que eu faço

Sorriso e grito

Diga-me onde é teu exílio
E te encontrarei aonde estiver
Quatro quadros e uma roda torta
Com bordados na borda
Recheada de creme dental

Se meu sorriso é algo
Que deva ser tratado
Dou-lhe com fino trato
À razão inversa de minha busca
Que ofusca o que procuro
Seguro

Diga-me por onde andas
E eu te darei quem sou
Entre sabe-se lá quantas
Sílabas distantes

Sou contagioso
Como soluços sem nojo
E hoje acordarei do teu lado
Batizado e machucado
Pelo fruto do meu esforço

Diga-me quem sou
E estará provado que nada sabes
Sobre dentes e sabres
Sobre os tristes trigos que comeram o tigre
No trigal, o nada é mais natural

Parado, sei o que eras
Andando, encontro onde estou
Salivo por onde o amor choca
Sujo, saúdo aos pares com a boca
Onde os raros momentos são infinitos
Por isso, grito!