domingo, 15 de novembro de 2015

Águas que caem da ponte

Águas que caem da ponte
se juntam às aguas que correm
da fonte em vão

trazem à língua uma fala
de quem não se cala
nem com a cicuta no chão

Um vale de encontro aos conflitos
Um vale de mitos
Um vale-delito na outra eleição

mesmo quando só se escuta
a voz que se disputa
entre nós de um novelo pagão

mostra o que trouxe pra cama
um doce de lama
em retrato de um aluvião

Um vale de escombros aflitos
Um vale de rio entre amigos 
num rito pra outra eleição

Não vale o chão que se pisa
Não vale a voz que se frisa
Não vale a dor imprecisa
Não vale a precisão

sábado, 14 de novembro de 2015

Olhar

Um olho no mar
outro no ar
no meio um horizonte sem lugar
alheio a outra forma de amar
onde o sol é ímpar

porque amor
há de ser
o que for
se juntar
entre algo a mais

O gosto no olhar,
um rosto solar,
e o resto de uma outra low-cura
honesta
traz no gesto outra jura
porque sei
que o amor
há de ser
outro mar
outra vez
a expandir
o que eu sei
e o que eu
sinto por você

há tantas formas de ver
o que o amor pode ser
entre o sol
e o mar
um dossel
similar
a um doce
efeito que o céu traz

Sorte vulgar
Norte insular
no meio a outras formas de supor
apenas uma norma sem rigor
entre nós
um amor