quinta-feira, 23 de abril de 2009

Poema de uma vida

NASCIMENTO

Tão longe vou-me
à procura de onde me perco
de perto, me acerto
por onde vou-me longe

por certo, não sou monge
e nem de longe passo perto
tão torto quanto incerto
reporto-me aos montes
à procura de outras fontes
que me vejam como me enxergo
um ser
eminentemente interno...

MORTE

Como diria o poeta
nasci torto, meio gauche
onírico
mímico
com uma salubridade duvidável
fui amável
sou estorvo
mas um dia retorno
natimorto

RESSURREIÇÃO

antes artista
hoje engajado
antes artista
hoje enjaulado
antes artista
hoje abortado

hoje o artista
é, antes de tudo,
bastardo.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Maísa Moura no Teatro Alterosa


Um CD delicado, em que os arranjos minimalistas e a interpretação suave parecem estar a serviço da poética das letras, como se fossem veículos para ressaltar a força do texto. Essa é a primeira impressão que fica ao se ouvir o álbum «Moira», da cantora Maísa Moura. Além do viés calcado muito na força expressiva das letras, outro fio condutor que confere unidade ao trabalho diz respeito aos arranjos. Essa também foi uma preocupação de Maísa Moura, que escalou o trio de arranjadores Avelar Jr., Guilherme Castro e Vladmir Cerqueira. A sonoridade limpa, sem muitos instrumentos, é eficaz e enriquece melodicamente cada interpretação.
César Macedo – jornalista
Jornal Hoje em Dia