Arremesso

Enquanto o coração me arremata
A sua visão me arrebata
vida vem e varre
Outro vem e mata
Os pedaços no meio do corre
a minha vontade cata

antes que a idade me arremesse
aonde meu corpo arrefece
peço que desamarre
peço que recomece
antes de respirar o que morre
e na sua vontade cresce

contanto que não me arrependa
pelo que ao ouvido arrepia
que sua vida me agarre
que suave rodopia
em novidade que ocorre
à vida nova que nascia

Cipó

Até onde cipó de ir
cipó de quase tudo
cipó de beber
cipó de tomar
cipó de trepar
mascada má
caco no seu galho
não há cipó de estuprar
não se pode negar o óbvio
vontade de fazer que não se pode
cipó de enforcar

Tratante

Senti que esse mundo estreito
Te pegou de jeito
Despertou o pior que há em ti

Menti sobre o meu apego
Não quero afago
Sobre o que trago na lembrança

Cansa essa intolerância
Tanta inconsistência
Falta consciência do rancor

Arrancou todos os cabelos
Como se os pêlos
Fossem os culpados pelo frio

Sorrio para a vida torta
Que lhe arromba a porta
E entrega a carta que escrevi

Avisei, eu sei
avisei bem antes
de acontecer
dava pra prever

Avisei, não foi?
Sou perseverante
Vou me refazer
E vou me livrar de você 

Tratante!

Em nome do criador

Como lidar com essa overdose de outros?
Continuar por apenas alguns toques aos poucos?
Respirar a espera de que a esperança aconteça
E impeça essa caça por alguém que te apeteça

Ando Desconfiado até da própria tosse
Ao ver Deus enterrado e o diabo em sua posse
Parece até que o mundo acabou por ora
Sem hora pra pensar o que fazer por agora

Se o mundo mudou, por que ficamos de fora?

Uma beleza afogada em sua própria natureza
Em parte tudo se perde por falta de leveza
E a partida começa quando a vida se esvai
Na escuta de promessa da casa que não cai

Alguém aqui alguma vez já se sentiu na real?
Desamparado por cem no desespero do aval
Pela certeza imprecisa, pelo furor eloquente
cria a dor que recebe outra chibata de frente

seu mundo mudou. Já não passou da hora?