quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Amor-Pedido

Onde está aquele amor que pedi?
Procuro entre versos mas não o vejo ali
Onde está aquele amor tão sutil?
Procuro entre os olhos mas parece que sumiu
Procuro onde está aquele amor tão levado
Mas o que encontro é só coração fechado
Que apenas se preocupa com coisas tão banais
E não cabe pois o amor é sempre algo a mais
não se fecha
não se cansa
não se esgota
se renova
se transmuta
se permuta
se entrega
sem demora
talvez sejam os meus olhos que não veem o que procuro...
talvez meu coração ainda seja imaturo...
talvez o amor pra mim ainda seja algo escasso
apesar de tanto amor em quase tudo o que faço
Talvez hoje o amor seja um sentimento a toa
Doa a quem doer, só não dói pra quem se doa
Talvez o que procuro seja algo que já tenho
Um traço desapercebido em entrelinhas de um desenho
Talvez o amor não seja o que o poeta diz que arde
Mas sim o grande jogo, a mais nobre arte
Amor é outro mundo
Amor é querer amar-te...

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Em cantos da arte

Porque o mundo me encanta mais
Que o quintal de minha casa
Devo recolher então minha asa,
E esquecer o que um pássaro faz?

Porque minha arte não mais te afaga
Devo ser um tentador contumaz
Porque esse é o lugar que te apraz
Mesmo sabendo que significo nada?

Porque ainda sou sensível ao belo
Devo manter seu furor amarelo
Por uma pretensão sócio-requentada,

Ou devo permanecer em minha obra,
procurando partes de minhas sobras
Que alimentam as cobras alienadas?

Pra minha vida ter sentido
Devo então tomar partido
Ou comprar outra bisnaga?

vida de artista só ganha colorido
quando o crime do bandido
o faz transpor o belo por nada

domingo, 9 de outubro de 2011

Pra inglês ver

Organizo-me diferente
Pensando que posso ser qualquer coisa
Posso-me plenamente
Onde meu osso se reparte em brisa
Parto-me em nascente
Nasce de novo, a alma avisa
Renovo-me aparente
Na linha rente que se improvisa
Sopro-me por minha vida...

domingo, 2 de outubro de 2011

Soneto de viagem

A minha janela voa
Enquanto me deixo por terra
Meu coração erra
Passando pela vida à toa

Distraio pelo céu
E penso se devo ir em frente
afrontar de repente
A balança e seu fiel

Há mais do que vi
É certo e me pergunto
Onde me perdi?

No decorrer de um segundo
Momento fecundo
Para me achar em ti

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Pré-datado

Hoje eu estou datado 
Passei pro outro lado
Entrei em novo estado
De existência

Hoje vivo pré-datado
o corpo esfacelado
ando desacompanhado
de resistência

se bem me quer então me peça
pois o que me interessa
é te deixar interessado

se não quiser não tenha pressa
pois vida que não se expressa
faz sentir-me atravessado

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Pura Poesia

Escorrendo pelo ralo 
Escondida no armário
A cabeça do otário
É pura poesia

No pelo do cachorro
Na batida do morro
Na ausência do choro
A poesia dura

O veneno da cobra
O pintor e sua obra
Comida de sobra
É pura poesia

Na picada do escorpião
No calor da ereção
Na puta e no cafetão
A poesia dura

O  rosto do amarelo
O gosto pelo belo
A vida e seu mistério
É pura poesia

Na gosma do catarro
Na fumaça do cigarro
No olho do escárnio
A poesia dura

O vermelho do sangue
O yin e o yang
Universo se expande
Em pura poesia
Dura
Pura poesia dura
Pura
Poesia dura

terça-feira, 19 de abril de 2011

Trânsito

Hoje vejo pela janela
E sinto saudade
Do que vi e do que nunca vivi

Hoje olho pela janela
E sinto saudade
Do que vi e ainda está por vir

Passo meu tempo
Passa mais tempo
E não há passatempo no impasse

Tempo trancado
Porta trancada
E a falta de ideia que importasse

Hoje olho a janela
E sinto por ela
O tamanho do meu espaço

Hoje vejo a janela
E penso por ela
Como um desejo que eu faço

Sorriso e grito

Diga-me onde é teu exílio
E te encontrarei aonde estiver
Quatro quadros e uma roda torta
Com bordados na borda
Recheada de creme dental

Se meu sorriso é algo
Que deva ser tratado
Dou-lhe com fino trato
À razão inversa de minha busca
Que ofusca o que procuro
Seguro

Diga-me por onde andas
E eu te darei quem sou
Entre sabe-se lá quantas
Sílabas distantes

Sou contagioso
Como soluços sem nojo
E hoje acordarei do teu lado
Batizado e machucado
Pelo fruto do meu esforço

Diga-me quem sou
E estará provado que nada sabes
Sobre dentes e sabres
Sobre os tristes trigos que comeram o tigre
No trigal, o nada é mais natural

Parado, sei o que eras
Andando, encontro onde estou
Salivo por onde o amor choca
Sujo, saúdo aos pares com a boca
Onde os raros momentos são infinitos
Por isso, grito!