segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Uva

Hoje eu doí
E ainda dói
A falta de pai
A falta de véi
A falta de oi

Mas amanhã passa
As manhãs passam
Os dias passam
E como tudo que passa
Quem sabe enrugue 
E fique doce...

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Biógrafo

Nunca fui estragado
Nunca fui procurado
Nunca sou lembrado
Sou o que não mereço

Nunca fui biografado
Nunca fui abreugrafado
Nunca fui amordaçado
Sou apenas o que falei

Nunca fui escrito
Nunca fui proscrito
Nunca fui bendito
Sou apenas o que não sei

Mas sou eu que sofro
Sou eu que vivo
Sou eu que tento
Nunca fui o que pensei...

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Sinuoso

Queria encontrar apenas uma coisa na vida
Mas nunca me achei
É fácil se sentir completo
Quando se é um completo fracasso
Há um vazio sedutor
Um nada que se realiza
Na plenitude dos desejos cumpridos
E então, novamente o caminho
Da finita transformação contínua
E da força que se esvai
Meia vida é meio morta
E a outra metade é meio torta...

domingo, 29 de setembro de 2013

Rocambole

Você me diz que eu sou
O que nem sabe o que é
Você me diz que não é
O que eu achei que pensou

Você me diz ser idêntico 
A todos que não são você 
Você se diz messiânico
Pregador de sei lá o que

És o legítimo autêntico
Um enrolado de nada
Qualquer dia se vende
Lá em Lagoa Dourada

O único oficial
Cheio de fala vazia 
Um dia vai se dar mal
Mas vai dizer que sabia...

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Vida no mar

Todo mundo deve aproveitar a vida
Pelo menos uma vez na vida
Todo mundo deve
E paga uma vez na vida
Nem que pague com a vida
A vida que se paga no apagar

Não há o que se apague na vida

Não há o que se pegue

E a quem se apega
há quem se apega

Fazendo água

Fazendo mar 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Peleja

Sou poeta que não lê
Músico que não escuta
artista que não se articula
Meu corpo não me incorpora
Minha alma nada mais almeja
Mas minha pele, Ah essa...
Continua na peleja...

quinta-feira, 20 de junho de 2013

domingo, 16 de junho de 2013

Mudança


Eu nasci aqui
Eu cresci aqui
Eu me criei aqui
E por que não?
Posso me mudar
Porque não
Mudo

Eu vivi aqui
Eu amei aqui
Eu odeio aqui
Só porque não
Quero outro lugar
Por que não?
Mudo

Deixei de ser alguém
Que quis fazer algo
Para ser mais algum 
Objeto a ser salvo
Na terra de ninguém 
Virei meu próprio alvo
Deixei de ter em mim
O gosto que dessalgo
E que me diz assim:
O céu não é tão alto...

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Obvirtudes Virtuais

A casa casou
A chuva choveu
O molho molhou
Mas a TV não te viu


A porta portou
O chato chateou
O carro carregou
E o rádio radicalizou

O nada nadou
A bala baleou
O medo mediu
E a internet internou


Poucos loucos são soltos  
Alguns ficam roucos
Outros são, tampouco...

terça-feira, 16 de abril de 2013

Semiótica e Semiacústica

Tenho veneno no coração
Destilo nos momentos que me matam
Disparo horror pela ponta da caneta
E a rima que se exploda junto com sua fuça
Tenho na letra o gatilho
Nas palavras a bala
Nas frases o alvo
Sou matador semiótico
Justiceiro semântico
Morra-se com essas palavras
E regozije-se ao som
Apocalíptico
Sígnico
sonoro

Carne Fraca

Quando a máquina para
É que percebe-se a rara
ocasião que tivemos

Quando a morte encara
Foi-se a vida que para
E continua o que temos

Quando a saudade mata
Verte-se o choro na lata
Perde-se o tom em extremos

Quando a vida é grata
Mostra que a carne é fraca
que somos o que fizemos