O que faz uma banda Brasileira? Mais além, pode uma Banda representar o mais autêntico do Brasil? E esse Brasil? Vale a pena? A resposta, nada simples, leva a caminhos tortuosos de definição da verdadeira índole do brasileiro. Macunaíma e o Homem Cordial parecem chocantemente inexoráveis, ao anunciar uma total ausência de virtudes como nosso maior traço. A aproximação bioétnica também teima em pairar sobre nossas cabeças: a fusão de raças é uma míope e mal-disfarçada visão reducionista, ao desprezar o multiculturalismo fulgurante em que vivemos.
Nessa tortuosa busca de identidade, em que sempre aparece a metáfora do paraíso terreno, onde tudo parece ser permitido, a autenticidade soa quase uma abstração. Teimamos em ser o que não somos. A importar o que não precisamos. A nos desinteressar pelo que nos enleva.
O som da Banda Somba, no CD, Cuma? é, do início ao fim, um libelo pela brasilidade e pela vida que vale ser vivida. Nada é poupado: de ironias que invadem o céu, a frases ácidas contra a hiperpolítica cibernética como uma (nova?) espécie de alienação. Sim, o Somba sabe que a língua portuguesa é nossa pátria; mas com eles, o vernáculo parece se mostrar muito maior que pensamos – haja vista, por exemplo, a letra em portunhol que parece vinda de um morador do Brás da década de 1930.
E os sentimentos? A sinestesia reina presente, causando sensações que beiram o choro interior e alçam a alma à pura apreciação estética. O Somba é uma banda brasileira mesma quando canta em inglês. De finíssima técnica musical, de um humor lancinante e de uma poesia alentadora, dá até saudades de tentar ser brasileiro. Identificar-nos, criticarmos a nós mesmos, a nossa capacidade de rir – e eventualmente chorar – é mote dessa banda que parece estar trazendo de volta uma vida que vale ser vivida.
Brunello Stanciolli
Prof. da Escola de Direito da UFMG.
Nessa tortuosa busca de identidade, em que sempre aparece a metáfora do paraíso terreno, onde tudo parece ser permitido, a autenticidade soa quase uma abstração. Teimamos em ser o que não somos. A importar o que não precisamos. A nos desinteressar pelo que nos enleva.
O som da Banda Somba, no CD, Cuma? é, do início ao fim, um libelo pela brasilidade e pela vida que vale ser vivida. Nada é poupado: de ironias que invadem o céu, a frases ácidas contra a hiperpolítica cibernética como uma (nova?) espécie de alienação. Sim, o Somba sabe que a língua portuguesa é nossa pátria; mas com eles, o vernáculo parece se mostrar muito maior que pensamos – haja vista, por exemplo, a letra em portunhol que parece vinda de um morador do Brás da década de 1930.
E os sentimentos? A sinestesia reina presente, causando sensações que beiram o choro interior e alçam a alma à pura apreciação estética. O Somba é uma banda brasileira mesma quando canta em inglês. De finíssima técnica musical, de um humor lancinante e de uma poesia alentadora, dá até saudades de tentar ser brasileiro. Identificar-nos, criticarmos a nós mesmos, a nossa capacidade de rir – e eventualmente chorar – é mote dessa banda que parece estar trazendo de volta uma vida que vale ser vivida.
Brunello Stanciolli
Prof. da Escola de Direito da UFMG.
Minha pátria é a língua brasileira
ResponderExcluir"O Somba é uma banda brasileira 'mesma' quando canta em inglês."
ResponderExcluirEsta texto estar errada, no?
No meu tempo náo tinha disso de questionar a pátria não! Era bola na rede do adversário e pronto! Cafifa no inimigo!
ResponderExcluirHá alguns meses tenho me perguntado isso. Qual o principal valor nacional, sé é que ele existe? Qual o motivo do orgulho de tantos brasileiros?
ResponderExcluirEstou escrevendo um romance que se chama 'Todo Mundo No Brasil Faz Caixa 2'. É um romance ambientado em Belo Horizonte e que o título diz muito a respeito. Qual a identidade dessa nação? A corrupção em todos os seus níveis talvez seja a maior de todas elas. Comungo com as idéias Vladescas de deterioração da sociedade brasileira. É uma política de favorecimento absurda, uma intolerância inaceitável p’rum país tão misto como o nosso, é uma ignorância a dar com pau... Questionei os "patriotas" e "nacionalistas" que eu convivo e conheço, qual era a razão de seu orgulho nacional. Porque ter orgulho desta nação? Porque somos a segunda pior distribuição de riquezas do planeta Terra? Ou porque somos um dos povos mais corruptos? Será talvez orgulho da nossa política? Ou da seleção brasileira de futebol? Ou da nossa magnífica natureza, que cada dia mais devastada, põe em risco o futuro do planeta? Vocês têm orgulho dos animais e das plantas que por motivos geológicos e biológicos se instalaram nesta terra Brasilis? Motivos estes tão casuais quanto o porque de você mesmo ter nascido aqui? Vocês têm orgulho dos portugueses que nos colonizaram, dos negros que edificaram esta nação, ou dos índios que aqui já estavam?
Foi realmente desesperador analisar isto, pois a maioria das respostas que obtive foi a seguinte: "tenho orgulho de ser um povo alegre e festeiro, um povo bem receptivo". Ter orgulho da visão que gringo tem de você? Meu Deus, essa nação está perdida!
Eu, como brasileiro, tenho orgulho da minha língua. Ao meu ver o último valor nacional. Se Fernando Pessoa disse: Minha pátria é a língua portuguesa, endosso o coro e digo: Minha pátria é a língua portuguesa do Brasil!
A propósito, o disco está muito bom. O Vlad e o Léo realmente contaminaram a banda e o som mudou. Realmente um trabalho digno de prestígio e muitas salvas de palmas! Quem sou eu pra criticar um disco da envergadura moral e musical do ‘Cuma?’, contudo assim o farei!
Nem sei porque escrevi tanto, acho que ninguém vai ler, nem o Guilhermão... Mas agora já escrevi não vou apagar isto!
Eu gostu do basil puque as foresta tem us bixo legal, as pranta bunita e a muzga MUITCHO BOA. as gentes asveiz é legau tameim.
ResponderExcluirAlém de termos o segundo hino nacinal mais bonito do planeta, perdendo apenas para o Japão (na minha opinião).